No dia 25 de Março, a JACC Records edita o resultado de uma residência artística realizada na aldeia de Cerdeira (na Lousã), que juntou Marcelo dos Reis (guitarra clássica), João Pais Filipe (bateria e percussão), Nuno Torres (saxofone alto), Miguel Carvalhais (electrónica) e Angélica V. Salvi (harpa)
As práticas musicais contemporâneas do século XX caracterizaram-se por reestruturar as formas comuns da música identificada até então como clássica. A evolução das arquitecturas da música erudita, e das formas do jazz, através das novas roupagens que lhe foram sendo atribuídas, confluíram numa nova riqueza tímbrica ao nível dos “materiais” musicais utilizados, ora via texturas, ora via negação do virtuosismo académico, que Cage tão bem representou através da interpretação do silêncio.
Se alguma tradição advém dessas novas abordagens musicais do século XX, pode-se dizer então, que a junção destes cinco músicos não acontece por acaso. Se por um lado Nuno Torres tem um gosto particular pela exploração tímbrica do seu saxofone alto, através de uma abordagem “melodica não tradicional”, Angélica V. Salvi desenvolve um relevante trabalho dentro da música contemporânea, seja através da interpretação de repertório “clássico” ou através de improvisações estruturadas com ferramentas da música electrónica. Miguel Carvalhais é uma referência da música electrónica experimental nacional, através do seu trabalho editorial na Crónica Electrónica, por entre inúmeros projectos, destacam-se os “@c” em parcería com Pedro Tudela, grupo que tem mais de 20 edições discográficas. Na bateria e percussão está João Pais Filipe, baterista portuense “hiperactivo”, que coloca a sua energia nas mais diversas parcerías, com uma abordagem rítmica entre um Tony Oxley e um Jaki Liebezeit. A fechar o pentágono desta formação, está Marcelo dos Reis, guitarrista e improvisador que se tem vindo a afirmar no panorama das musicas mais avançadas, através de uma abordagem criativa sobre o instrumento mais popular do planeta, e que, por entre diferentes projectos e colaborações, tem desenvolvido também um papel relevante na produção e organização de concertos.
“O quinteto revelou-se um caso sério que deve ser acompanhado de perto.”
In jazz.pt
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