Um dia recebi um telefonema de um guitarrista que não conhecia pedindo-me uma opinião sobre um disco que acabara de fazer. Era jazz e nessa altura perguntei-me por que razão me vinha ele pedir a opinião sendo eu um guitarrista de blues e pouco mais. Bom, ele prezava a minha opinião, agradeci o elogio e fiz aquilo que me pediu, ouvi o disco. Achei de grande nível logo à primeira audição. Grande trio, Kató, Alexandre Frazão e o tal de Afonso Pais. Duas coisas me saltaram ao ouvido logo: o som e o bom gosto do Afonso, duas qualidades difíceis de encontrar, a meu ver. Muita economia (há quem diga que um bom músico se vê pelas notas que não dá) e feeling.

Achei o trabalho de categoria universal, podendo ombrear com os grandes guitarristas de jazz clássicos ou modernos. Depois de ouvir este novo trabalho em trio (guitarra, hammond e bateria), descobri o que eu considero ser o carácter único do som do Afonso. Ele toca como se cantasse, a guitarra muitas vezes soa-me como uma voz, faz-me imediatamente pensar no grande Chet Baker e no seu inconfundível estilo vocal. Isto é raro e é um motivo de orgulho para mim como músico e português saber que há músicos desta qualidade no meu pequeno país. Este novo cd é um clássico imediato, absolutamente intemporal, uma delícia de charme e bom gosto...

Rui Veloso

Críticas

Uma espiral que gira

"É com o Instrumentário identificado com o histórico Jimmy Smith que lida o albúm «Fluxorama»"